11.2 História


Oriatrike or, physick refined. The common errors therein refuted, and the whole art reformed and rectified: being a new rise and progress of phylosophy and medicine, for the destruction of diseases and prolongation of life (p. 526)

Figure 11.3: Oriatrike or, physick refined. The common errors therein refuted, and the whole art reformed and rectified: being a new rise and progress of phylosophy and medicine, for the destruction of diseases and prolongation of life (p. 526)


Antigas referências relativas a testes de valores remontam aos séculos XVIII e XIX. Historicamente podemos retroceder a 1662, quando o médico flamengo Jean Baptista Van Helmont escreveu um desafio (aposta de 300 florins) em seu livro (Figura 11.4), sobre um procedimento teste que consistiria em se dividir 200 ou 500 pacientes com febre e pleurite em dois grupos iguais e aplicar a eles diferentes tratamentos: os habitualmente adotados pelos médicos da época e os seus próprios métodos. Ao final de um período de tempo (não foi especificado) verificar quantos funerais ocorreriam num e no outro (o livro foi publicado após sua morte, ocorrida em 1944, e não se tem registro sobre sua realização efetiva).


Tratamento mais utilizado à época (sangria)

Figure 11.4: Tratamento mais utilizado à época (sangria)


John Arbuthnot, FRS (1667-1735)

Figure 11.5: John Arbuthnot, FRS (1667-1735)


Outro registro histórico é o artigo publicado em 1710 na Royal Society’s Philosophical Transactions pelo médico escocês John Arbuthnot (1667-1735, Figura 11.5): An argument for Divine Providence (link).


Este artigo foi um marco na história da estatística; em termos modernos, ele realizou testes de hipóteses estatísticas, calculando o p-valor através de um teste de sinais e interpretou-o como estatisticamente significante e assim rejeitou a hipótese nula. Isso é creditado como “[…] o primeiro uso de testes de significância […]” ( in “Estatísticos do século”, David Bellhouse, 2001).


A estruturação dos testes de hipóteses, tal como são promovidos atualmente, é devida à metodológia empreendida por alguns dos mais destacados cientistas da área do final do século XIX e começo do XX (Figura 11.6).


Personagens históricos

Figure 11.6: Personagens históricos

 

Em 1932 Karl Pearson se aposentou com professor da University College London e diretor do Laboratório Galton de eugenia. Apesar das objeções de Fisher, o laboratório de estatística foi dividido em dois departamentos. O Departamento de estatística (criado em 1901, o primeiro do gênero em uma universidade), assumido pelo filho mais novo de Karl, Egon; e o Laboratório de eugenia, assumido por seu sucessor na cadeira de Eugenia, Ronald Fisher.

 

O artigo de Henry F. Inman (Karl Pearson and R. A. Fisher on Statistical Tests: A 1935 Exchange From Nature, 1994) registra uma intensa troca de correspondências entre Fisher e Pearson tendo por assunto suas diferenças conceituais matemáticas e estatísticas, pela contrariedade de Pearson ante a continuidade de Fisher em lecionar teoria estatística e até mesmo por espaço físico para os experimentos científicos de Fisher, ao remover material do Museu de eugenia deixado por Pearson.

 

O pensamento estatístico da primeira metade do século XXI tem seu interesse voltado à solução dos problemas de testes de hipóteses e sua formulação e filosofia, tal como hoje são conhecidos, foi em grande parte criada por Ronald Aylmer Fisher (1890-1962), Jerzy Neyman (1894-1981) e Egon Sharpe Pearson (1895-1980) no período compreendido entre 1915-1933:


  • Estudo biológico realizado por Karl Pearson para tentar associar informações coletadas a distribuições de probabilidade apresentava os componentes básicos de um teste de hipóteses;
  • Ronald Fisher (1925): Statistical Methods for Research Workers;
  • George Waddel Snedecor (1940): Statistical Methods; e,
  • Erich Leo Lehmann (1959): Testing Statistical Hypotheses condensando os estudos desenvolvidos em 1920 pelo filho de Pearson, Egon, e o matemático polonês, Jerzy Neyman (formulação de Neyman-Pearson).